Os sites e blogs que tratam de arquitetura da informação e software social estão às voltas com a polêmica a respeito das folksonomies(*) e suas implicações sociais. O que trouxe à baila este assunto foi a popularidade de sites como do del.icio.us, para criação bookmarks públicos, e o flickr, para compartilhamento de fotos. O que eles têm em comum é o mecanismo de categorização do conteúdo: a cada ítem (links no primeiro, fotos no segundo) se associam um conjunto de tags (etiquetas) . Cada usuário tem total liberdade para entrar com as tags que ele escolher. Não existe vocabulário controlado, controle de sinônimos, nem nenhum dos mecanismos que a comunidade de biblioteconomia considera imprescindíveis. Dessa forma absolutamente simples surge, como que orgânicamente, uma estrutura rica, ainda que algo caótica, de metadados.
É interessante que não se cria apenas um espaço de nomes plano (flat namespace) . Pode-se fazer, facilmente, buscas que combinam diversas tags. Se pensarmos em cada tag como um conjunto nomeado de objetos, estas buscas seriam operações de intersecção. Quando percebi isto imediatamente pensei que o sistema poderia ser enriquecido com a possibilidade de se definir conjuntos intencionalmente, além do mecanismo extensional em uso hoje. O conceito talvez fique mais claro se pensarmos nas tags como predicados (unários). Seria possível definir tags como Programação = Java UNIÃO dotNet UNIÃO C++.
A polêmica entre os defensores das vantagens de sistemas taxonômicos mais formais (top-down) contra os adeptos das folksonomies (bottom-up) está bastante viva no blog coletivo many2many. Clay Shirky, num post recente, defende as tags em oposição à idéia de ontologia(**), oriunda da pesquisa em inteligência artificial e pedra fundamental do projeto Semantic Web. Com essa tacada ele derruba também as propostas de se tomar as folsonomies como como base para a criação de esquemas mais sofisticados.
Pois bem, a minha idéia é equivalente à instalação de um mecanismo de ontologia sobre as bases folksonômicas. O exemplo que eu citei pode ser reescrito como {Todo Java é Programação e Todo dotNet é Programação e ...}. Os argumentos do Shirky não podem ser descartados, mas creio que ele ignora a possibilidade da formação de um sistema dinâmico de evolução de ontologias. No exemplo que ele dá, um novo elemento força uma reconsideração da estrutura da ontologia. E, com uma interface com o usuário adequada, este tipo de reestruturação poderia ser tratada tranquilamente.
Inevitavelmente se perderia um pouco do apelo inerente à beleza simples dos sistemas atuais. Mas a minha experiência com o del.icio.us me leva a pensar que um nível maior de sofisticação seria utilíssimo. Me parece que uma catalogação abrangente a ponto de permitir buscas úteis exige hoje muito trabalho repetitivo; propenso a erros, portanto. A definição intencional de tags pode aliviar bastante este problema, além de permitir a implementação ad-hoc de controle de sinônimos (pense em um "se e somente se").
Não vejo outra maneira de investigar a eficácia desta abordagem senão implementar e testar; penso em fazer desta cria mutante do Prolog com o del.icio.us o meu próximo projeto pessoal. (disclaimer: tenho um longo histórico de começar e não terminar projetos pessoais...) .
(*) Folk == povo; taxonomy == taxonomia. Esse neologismo ficaria nojento traduzido em português, e como é de fato neo, não vejo nenhuma vantagem em fazê-lo.
(**) O conceito de ontologia usado é o definido aqui. Não é necessáriamente relacionado ao conceito metafísico de ontologia (que trata-se, aaaaaaacho, do estudo da natureza das coisas que são).
7 comments:
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